No debate realizado na Câmara de Nova Odessa na última segunda-feira, dia 15 de março, sobre a utilização das caçambas, os participantes apontaram vários problemas. Colaboraram com as discussões representantes do Poder Executivo, dos caçambeiros e da empresa Cemara Pró-Ambiental. O debate foi mediado pelo presidente do Poder Legislativo José Mário Moraes (PMDB). “É um assunto muito importante a ser discutido, pois a cidade vive um momento de grande movimentação de construções e algumas situações com as caçambas geram preocupações”, afirmou o presidente.
A iniciativa de discutir o assunto partiu do vereador Ângelo Roberto Réstio (PMDB), que abordou principalmente as dificuldades dos caçambeiros em levar certos produtos à empresa Cemara, em Americana. Eles queixaram-se que a empresa muitas vezes não recebe o material. O representante da Cemara, Emerson Carrenho, informou que a empresa recebe as caçambas, mas não pode se responsabilizar por lixo gerado. “Somos uma usina de reciclagem de resíduos sólidos da construção civil, por isso não podemos aceitar outros produtos. É lei eu não posso receber o gesso e outras coisas, só resíduos de construção. Os caçambeiros têm que entender a nossa posição”, enfatizou.
Jorge Fagundes, presidente do Condema e integrante da Visa (Vigilância Sanitária) comentou que o gesso é um produto tóxico, assim como a telha de amianto proibido de ser descartado em qualquer aterro é um contaminante gravíssimo. “A gente alerta, avisa, mas não sabe nunca o que tem dentro da caçamba, não tem condições de fiscalizar isso. Chega à Cemara não recebe. Ficamos de vilão na história. Tem que haver um local apropriado no município”, defendeu Paulo Marchetti, que trabalha com caçamba.
“É uma situação problemática, pois requer o cumprimento de leis ambientais. Quando o material não é recebido na Cemara, os caçambeiros não têm onde levar e dificulta o trabalho deles”, comentou Réstio. Outra situação apontada é o valor cobrado, segundo Réstio era a metade do preço, mas estão cobrando cerca de R$ 90,00. Carrenho defendeu que o valor é barato comparando com Piracicaba que está cobrando em torno de R$ 150,00.
Conscientização - Na avaliação do vereador Antonio José Rezende Silva (PDT) o problema de lixo na rua reflete a falta de conscientização da própria população. De acordo com o assessor de Obras e Urbanismo, José Carlos Aparecido Hansen, o Call, 90% das pessoas não usam caçamba, jogam o entulho na rua. Ele fez um desabafo, afirmando que as pessoas não colaboram, em alguns bairros passa pela manhã retirando o entulho e na parte da tarde tem de novo. Além disso, vem pessoas de fora para depositar seus entulhos aqui em Nova Odessa. “Nos não catamos só entulho. Catamos vidro, cachorro, gato qualquer coisa que jogam, sofá. Sofremos por isso. Não suportamos mais”, reclamou Call.
A Prefeitura acaba de implantar dois Ecopontos, para que as pessoas possam depositar pequena quantidade de material que não usam mais. Estes locais devem ser utilizados pelas pessoas que não tem demanda para uma, nem mesmo para meia caçamba. É para pequena quantidade de material, destinado ao usuário individual. A Administração estuda a implantação de mais Ecopontos, a meta é chegar em 12. “Tenho certeza que a população vai colaborar”, afirmou Call.
O coordenador geral da Prefeitura, José Antonio Merenda, lembrou que este assunto já foi tratado em 2007 e 2008 pelo vereador Ângelo, através de requerimento. Ele explicou que a Prefeitura não tem determinada nenhuma empresa a destinação destes materiais coletados pelos caçambeiros, isso é responsabilidade de quem explora a atividade. “As empresas que coletam não estão obrigadas a levar a esta ou aquela empresa e sim a dar a destinação correta ao material”, afirmou.
Merenda acrescentou que utilizam a Cemara por ter todos os certificados para o funcionamento e pelo fato da empresa trabalhar com a reciclagem do material que recebe. “Vergonhosamente começaram a despejar este material na cidade. Cobravam mais caro e depositavam em áreas do município inclusive em Áreas de Preservação Permanente (APP). As caçambas são necessárias, mas tem que dar a destinação certa”, frisou.
Sugestão - Durante o debate, foi sugerido a utilização de caçambas com tampa e cadeado, desta forma os vizinhos e outros não vão utilizá-la para depositar material que não pode, como animais mortos e restos de móveis. “É uma questão de educação das pessoas e respeito ao meio ambiente. Prefeitura terá uma fiscalização mais intensa para quem está sujando as ruas, assim como as empresas de caçambas”, comentou Merenda.
Os participantes concluíram as discussões com a necessidade de realizar uma campanha de conscientização com as pessoas, sobre o material que pode ser colocado na caçamba. Também houve a proposta para a formação de uma comissão que dê continuidade aos trabalhos, visando a solução dos problemas levantados. Além de ver com a Administração a possibilidade de buscar, junto a CETESB e demais órgãos competentes, a liberação de área específica para o descarte no município. O presidente José Mário solicitou ao vereador Ângelo Réstio que apresente um requerimento para que a Administração instale uma Comissão.
“Achei muito proveitoso o encontro porque acabei sabendo um pouco mais sobre o assunto”, afirmou Réstio. De acordo com ele, foi possível identificar uma cadeia de problemas, primeiro está à população, tem a questão dos caçambeiros que oferecem o serviço, mas estão acuados. Porém o principal está relacionado ao gestor público, em relação às leis e a fiscalização. E o mais prejudicado é o meio ambiente.
O presidente José Mário reforçou que o debate foi muito bom, pois apontou as dificuldades nas diversas esferas. “Temos um caminho a trilhar. Espero que realmente tenha uma comissão, é um compromisso de todos para que nossa cidade fique mais limpa, mais leve e mais gostosa da gente andar por ela”, afirmou.
Publicado por: Marineuza Lira