Acompanhe nossas redes sociais

Ex-presidente Oliveira relembra maneira de governar na década de 60

Ex-presidente Oliveira relembra maneira de governar na década de 60

Em 1963, Antonio José de Oliveira era agricultou, trabalhava com cana-de-açúcar e algodão, em sua propriedade no sítio Palmeiras, onde hoje estão os loteamentos Jardim das Palmeiras e o Jardim Alvorada.  Não tinha nenhum contato com a política, foi quando recebeu o convite de Franqui, gerente da agência bancária do Banco Bradesco, a única do município na época, para disputar as eleições. Franqui saiu candidato a prefeito pelo Arena, mas não ganhou as eleições, quem levou foi Arthur Rodrigues Azenha e Antonio também foi eleito e assumiu o mandato de 1º de janeiro de 1964 a 31 de janeiro 1969.

Com 26 anos, assumiu como presidente no ano de 1966. Na época os vereadores eram eleitos como presidente por apenas um ano. Após sair da vereança Oliveira foi candidato a vice de Arthur Rodrigues Azenha, que concorreu a Prefeitura, mas ele perdeu a disputa. Oliveira atuou na política por cerca de 10 anos, depois decidiu parar.

O ex-vereador e ex-presidente conta que não foi fácil governar neste período, principalmente pelo fato de Arthur, seu primo, estar no comando da cidade e o mesmo ser considerado muito enérgico. “Teve até um fato com as latas de lixo, que ficou na história”, conta. Segundo ele, o prefeito, que se preocupava com a situação dos coletores de lixo, determinou que todos os latões tivessem o mesmo tamanho, fossem padronizados. Para isso, a Prefeitura vendia as latas de lixo, mais barato que o preço de mercado, mas o povo não concordou.

“Isso gerou uma grande polêmica na cidade, por cerca de dois anos. Quiseram cassar o prefeito. Vinha o Gecam de Campinas, para dar cobertura as nossas reuniões. O povo não queria aquela lei”, lembrou Oliveira. Ele comentou que ficou no meio do “fogo cruzado” com o prefeito de um lado, sendo seu primo, e do outro o povo que o elegeu. 

Sessões - Os vereadores, que na época eram nove, realizavam as sessões da Câmara em um prédio localizado na Avenida Carlos Botelho, esquina com a rua 1º de Janeiro (em frente ao Bradesco hoje). As pessoas ficavam para fora, olhando pela janela, para acompanhar as reuniões. “Depois o Arthur fez a Prefeitura, onde fica o Fórum hoje e a Câmara mudou pra lá”, lembrou.

Outra situação relacionada ao prefeito é que ele foi acusado de ter matado um munícipe em sua fazenda no Mato Grosso. Abriram sindicância, na época este processo tinha outro nome, foi mais uma situação bem difícil vivida na política novaodessense. “Depois de muito tempo descobriram que o rapaz estava vivo, ele apareceu na cidade”, contou Oliveira.

O ex-presidente conta que o prefeito realmente tinha um temperamento difícil, mas também tinha qualidades, queria a cidade limpa, tudo em ordem. Recolhia os cães soltos com uma cachorra no cio, amarrada em uma carroça. Depois os donos tinham que ir buscar os animais presos. Também se visse alguma pessoa deitada em um banco da praça, logo queria saber por que a pessoa estava ali e se concluísse que era um “desocupado”, mandava embora da cidade. “Ele era turrão e não ouvia os conselhos de ninguém”, afirmou Oliveira.

O mais difícil, contou o ex-vereador, era ter que ir para o Quartel em Campinas, com o então secretário da Câmara, Diógenes Gobbo, apresentar documentos do Legislativo e da Prefeitura e prestar esclarecimentos, sobre os ocorridos na cidade. “Dava até medo de conversar com aqueles militares”, lembrou.

Um outro colega parlamentar que Antonio lembra bem da atuação é de Turcão, o Aristides Réstio. “Era ele quem mais trabalhava, achava todos os erros. Fizeram de tudo para cassá-lo, ele era meu amigo e eu como presidente da Câmara precisei acatar a decisão do grupo. Ele foi cassado porque faltava muito nas reuniões”, explicou.

“A experiência foi boa, aprendi muita coisa. Eu era agricultor quando assumi, foi como se uma bomba tivesse caído em minhas mãos”. Segundo ele, os pais o ensinaram a andar “sempre na linha” e às vezes não dava para ser tão certo, este foi o motivo que se desligou. Em um desses momentos foi pressionado a mandar um funcionário embora, por questões políticas, mas sua consciência não o deixou tranqüilo e após ouvir os conselhos de seu pai, voltou atrás e readmitiu o funcionário na mesma noite. “É, a política é assim, às vezes nos deixamos levar. Depois de um tempo acordei um pouco, e percebi que a gente tem que pensar pela gente”, definiu.

Na opinião dele a política mudou muito. “Naquele tempo tinha mais honestidade, o trabalho era mais sério. Hoje em dia o político entra mais para ganhar dinheiro, não todos, mas a maioria. Aquele tempo os vereadores não ganhavam. Vinham trabalhar porque gostavam mesmo. Os vereadores eram todos amigos”, afirmou.

Hoje Antonio José de Oliveira está com 73 anos, é casado, pai de três filhos, tem oito netos e dois bisnetos.
 


Publicado em: 22 de janeiro de 2010

Publicado por: Marineuza Lira

Cadastre-se e receba notícias em seu e-mail

Categoria: Notícias da Câmara

Outras Notícias

Fique por dentro





Horário de Atendimento:

De segunda a sexta-feira das 8h às 17h

Nosso e-mail de atendimento:

sic@camaranovaodessa.sp.gov.br

Telefone para contato:

(19) 3466-8866


Esse site armazena dados (como cookies), o que permite que determinadas funcionalidades (como análises e personalização) funcionem apropriadamente. Clique aqui e saiba mais!